Reflecções de uma Winelover
Neste post, e sem que sirva de precedente (ou será?), vou tirar a licença para aproveitar as palavras para me dirigir a vocês, de tu para tu, para compartilhar uma reflexão que tenho na minha cabeça depois um ano de pandemia.
É uma absoluta saída do guião, estou consciente, mas também é o que ultimamente temos estado todos a fazer. Saímos do guião estabelecido?
Sou profissional do sector há muitos anos, mas, acima de tudo, sou amante do vinho ou winelover – como gostarem mais.
Da mesma forma que a vocês, adoro disfrutar de uma boa garrafa, sobre tudo se é com uma boa companhia e um bom programa. Fixam-se na minha cabeça, como um pouco de morrinha, recordações muito simpáticas das noites de verão a curtir um concerto em direto num pátio de uma adega com um Moscatel de Alexandria nas minhas mãos. Umas tapas ao final da tarde na taberna mais tradicional da cidade. Uma escapada de enoturismo num fim-de-semana com uns amigos, em cima da mesa com um bom vinho tinto e um queijo tradicional. As noites (sim, as noites) do Enofest… Não sei o que pensais, mas, para mim, esta é a definição da cultura do vinho.
Porém, como eu disse, neste último ano tivemos que mudar o guião por cortesia do coronavírus: os planos ficaram parados e sem companhia. Pode parecer trivial ou superficial considerando os danos que o infame vírus causou, mas não parece imoral colocar sobre a mesa o esforço formidável que estamos a fazer, já que não está no nosso ADN de animais sociais dispensar a interação física com os outros. Na verdade, temos procurado por todos os meios à nossa disposição e, sem dúvida, o meio digital deu-nos a oportunidade de continuarmos juntos, apesar da distância.
Não é o mesmo, já o sei. No entanto, tudo tem uma parte positiva.
Adegas, enólog@s, restaurantes, enotecas ou empresas de eventos relacionados com o mundo do vinho têm-se ajustado numa explosão de criatividade digital que, como winelover, confesso que me seduz. Nunca antes tivemos tanta comodidade, sensibilidade e simplicidade para comprar uma garrafa de vinho de um pequeno produtor do outro lado do país ou assistir a uma prova que tínhamos em mente mas que, por tempo ou dinheiro, nunca a realizamos.
E aqui partilho a reflecção em modo de conclusão.
Os winelovers, cada um com as suas particularidades, gostam de saborear experiências muito diferentes, mas sempre com o vinho no centro. Temos vontade e, como não temos tempo a perder, somos digitais, embora a informação seja tão extensa e dispersa que, mesmo assim, nem sequer descobrimos tudo o que se passa.
É incontestável, a meu ver, que, quando voltamos ao roteiro original, o mundo vitivinícola fortaleceu os seus passos em direção a uma digitalização ainda maior, com sinergias e todos os interlocutores integrados numa rede que nos oferece uma experiência inigualável, em um único clique no smartphone.
Talvez seja apenas a reflexão de alguém que está há muito tempo em pausa, assim convido-vos a compartilhar livremente as vossas opiniões e preocupações, porque junt@s, sabemos mais.